domingo, 7 de dezembro de 2014

Pra Lavar a Alma

2014 está encerrando e tinha tudo para ficar marcado como o “ano do vexame brasileiro”, pós 7 a 1 para Alemanha na semifinal da Copa. É lógico que a goleada é histórica e não será esquecida, mas hoje tem um marco muito mais importante para ser lembrado: o Brasil, o mesmo país que só pensa em futebol e despreza os outros esportes olímpicos, terminou o Mundial de Natação de piscina curta no primeiro lugar geral com dez medalhas, sendo sete de ouro. Para quem achava que a natação brasileira se resumia a César Cielo (mais uma vez ele fez sua parte com um ouro individual, além da participação em dois revezamentos dourados e dois bronzes), saiba que nós temos uma equipe cada vez mais homogênea e vitoriosa. Tanto que dos sete ouros, três vieram dos revezamentos. Se toda grande conquista, tem que ter nomes, heróis, protagonistas, a façanha de Doha tem dois: Felipe França e Etiene Medeiros. França que vem se firmando a cada ano que passa, participou dos três revezamentos vitoriosos do Brasil e ainda ultrapassou todos os seus adversários no 50m e 100m peito. Agora, a grande revelação, o novo xodó brasileiro é Etiene Medeiros, responsável pela primeira medalha da mulher brasileira num Mundial de piscina curta. Demorou, mas veio com pacote completo: ouro com direito a recorde mundial do 50m costas. Precisa falar mais alguma coisa? É lógico que para o Rio-2016 é outra história... Lá a piscina é de 50m e aí parece que vira outro esporte, mas não deixa de ser um sinal que o Brasil está mergulhado na melhor geração que já tivemos. Por falar em recorde, quem também fez história hoje foi o meu Palmeiras. Tornou o time com a menor quantidade de pontos (míseros 40) a conseguir permanecer na Série A. Sem comentários. Vexame em campo, sucesso nas piscinas... Água para lavar a alma de alegria e orgulho dos esportistas olímpicos brasileiros.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Não é Outro 7 a 1!


A derrota por quase 30 pontos para a Sérvia dói, mas não pode ser analisada isoladamente. É triste saber que uma das gerações mais talentosas do basquete brasileiro perdeu, provavelmente, a última grande oportunidade de conquistar uma medalha em Mundial e/ou Olimpíadas – tenha talvez uma chance derradeira no Rio-2016, mas acredito que esse grupo já vai estar na descendente. E, dessa vez, o sonho de medalha era realmente possível. O pior foi, ao final da partida, ver a relação do resultado de hoje com o vexame da goleada para a Alemanha na semifinal da Copa. A comparação é muito superficial e injusta. São situações completamente distintas. Diferentemente do 7 a 1 do futebol brasileiro, que realmente foi um grito de “pára tudo e vamos recomeçar”, a eliminação por um placar tão elástico do basquete brasileiro não pode ser encarada como se o trabalho não estivesse sido bem feito. Vou dividir a minha análise em dois momentos: o jogo de hoje em si e o basquete brasileiro como um todo. Da derrota para a Sérvia acho que quatro fatores foram responsáveis pelo resultado: 1) A vitória contra a Argentina, ainda mais por uma diferença de 20 pontos, deixou inevitavelmente a equipe “mais relaxada”. 2) Acho terrível enfrentar no mata-mata uma equipe da qual já ganhamos na primeira fase da mesma competição. Pode dar a falsa sensação de que o resultado já está garantido. 3) Por mais que o Brasil terminou a primeira fase com apenas uma derrota e ganhou bem da Argentina, todos sabiam que o terrível “apagão” da nossa seleção continuava por aí e que se ele resolvesse aparecer num jogo eliminatório poderia ser fatal. 4) Verdade seja dita, a Sérvia teve uma jornada impecável. Mesmo antes do nosso “apagão”, eles estavam na frente e dificilmente não sairiam hoje da quadra com a vitória. Em relação ao basquete brasileiro, acredito que seguimos num processo de retomada depois de ter chegado ao fundo do poço. Muito se fala que o Brasil afundou depois de não conseguir a vaga para três Olimpíadas seguidas (Sidney-00, Athenas-04 e Pequim-08). Isso não foi a causa e sim a consequência. Acho que o grande buraco no basquete brasileiro vem dos tempos de Oscar e Marcel, que consolidaram uma cultura individualista no nosso basquete. Paralelo a isso, o contexto geopolítico não ajudou: a separação da União Soviética e da Iugoslávia transformou duas potências da bola laranja em cinco ou seis – ganhar uma medalha hoje é muito mais difícil do que há 30 anos. Conseguir enfrentar todas essas adversidades numa única geração é uma missão quase impossível. Assim, acho que o grande mérito da geração de Huertas, Nenê, Splitter, Varejão, entre outros, é não ter deixado que o basquete brasileiro acabasse e, ao mesmo tempo, foi o grupo que abriu verdadeiramente as portas da NBA e da Europa para nossos talentos. Não estou falando que eles foram sacrificados e não têm culpa de nada. Cometeram seus erros também, mas a verdade é que deram a volta por cima. Acredito que todo esse processo de retomada do basquete brasileiro está chegando ao limite: ou chega os primeiros grandes resultados para sustentar as mudanças que ainda precisam ser feitas ou vamos paralisar neste patamar mediano.  Eu acredito que o basquete brasileiro ainda vai fazer muita gente sorrir, mas algumas coisas precisam ser feitas. A primeira é consolidar o NBB. A competição nacional cresce a cada ano. Conseguimos “repatriar” grandes jogadores como Alex, Marquinhos, Hettsheimeir e bons estrangeiros vêm desembarcando ano, após ano. Resultado disso é que, ao contrário da seleção, equipes brasileiras, como Flamengo, Pinheiros e Brasília, voltaram a ganhar competições internacionais. Juntando tudo isso à Liga de Desenvolvimento, acredito que podemos voltar a ter um consistente processo de formação de atletas – é na quantidade que brilha a qualidade. A segunda, e talvez a mais importante, é fazer uma transição muito bem feita na seleção entre a geração de Huertas, Nenê Splitter e Varejão com a dos promissores Raulzinho, Bruno Caboclo, Lucas Bebê e Augusto Lima. Neste ponto, acredito que o Magnano continua a ser a pessoa mais indicada a liderar esse delicado momento. Ainda faltam alguns degraus (a derrota de hoje vai doer por um bom tempo), mas é visível a mudança de postura do Brasil desde a chegada do argentino campeão olímpico. Enfim, a derrota de hoje é cruel, mas existe um alicerce por baixo que precisa ser mantido. Já no 7 a 1 não sobrou muita coisa em pé....

domingo, 7 de setembro de 2014

Dia da Independência

Eu pressentia que a “freguesia” contra a Argentina terminaria hoje. Só não sabia que o “Grito da Independência” viria tão arrebatador com uma vitória por 20 pontos. Além de anular o “carrasco” Scola, o Brasil teve paciência para saber jogar atrás por todo o primeiro tempo da partida. Uma conquista como essa é coletiva, mas se todo fato histórico tem que ter um protagonista o de hoje atende por Raulzinho, que de “inho” não teve nada - hoje ele calou a todos os críticos, inclusive eu, que acreditavam que ele não deveria estar no Mundial. Sorte que o Magnano foi teimoso. E o mais importante foi a frase do craque ao final do jogo: “Não viemos para o Mundial para ganhar da Argentina”. Ou seja, é sempre muito bom ganhar dos Hermanos, passa a ser um marco para essa geração, mas o real objetivo ainda não foi atingido: a medalha. O próximo passo agora é contra a Sérvia. O fato de ter ganhado na primeira fase não torna a tarefa mais fácil, muito pelo contrário. Pode dar a falsa impressão de que a partida já está garantida. É outra história. Que os nossos guerreiros entrem focados como entraram hoje e aí sim a disputa pela medalha vai ser um sonho real. Depois de tudo que essa geração percorreu acho que estão todos prontos para a “Grande Jornada”, aquela competição que vai marca-los para sempre. Vamos que vamos. Enfim, um 7 de Setembro para realmente comemorar!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

De novo a Argentina

O Brasil fez tudo o que se esperava dele na primeira fase do Mundial de Basquete: saiu apenas com a esperada derrota para a favorita Espanha, garantiu o segundo lugar da chave e a certeza de enfrentar novamente os donos da casa apenas numa eventual semifinal. O roteiro só não foi perfeito porque protagonizamos um dramalhão no primeiro quarto contra a Espanha e verdadeiro filme de terror no terceiro quarto contra a Sérvia. Queimar o filme assim nos jogos eliminatórios pode ser fatal. Apesar de o Brasil ter feito a sua parte, as próximas cenas prometem suspense absoluto. Tudo porque, outra vez, temos a Argentina no nosso caminho. Já perdemos para os hermanos no último Mundial e na última Olimpíada, imagina agora que o Papa é argentino... Chega a dar calafrio! É verdade que dessa vez eles vêm sem Ginóbili, a geração de ouro da Argentina já vem na natural descendente, etc. Mas é fato que o Scola vai estar em quadra e, contra nós, ele normalmente joga por uns três. Até dá para acreditar que dessa vez, depois de muitos anos, temos um pequeno favoritismo contra os nossos vizinhos, mas não dá para bobear nem por um segundo. Pelo sim, pelo não, é melhor começar secar desde já os argentinos. Todos que você conheça, menos o Magnano. Ao nosso técnico toda vibração positiva para que ele esteja num dia inspirado. Que venha logo o domingo e seja o que Deus (afinal ele é brasileiro) quiser...

sábado, 30 de agosto de 2014

Grande Jogada

O Brasil não precisava ter levado o jogo até a última bola. O aproveitamento do lance livre continua sofrível, mas, ufa, ganhou. E venceu justamente a França, atual campeã europeia. É bem verdade que eles não vieram com Parker e Noah, mas ainda sim são os maiores adversários brasileiros na busca da segunda colocação do grupo A – acredito que a Espanha é “all concur” para ser a líder da chave. Agora é fazer o dever de casa contra Irã e Egito, ir com tudo para cima da Sérvia – se deu contra a França, temos condições de ganhar dos sérvios também. É lógico que ainda estamos na primeira rodada da primeira fase e o esporte não é matemática, mas, confirmando as projeções lógicas, o Brasil iria para a próxima fase com apenas a esperada derrota para Espanha. O segundo lugar além de garantir, em teoria, um adversário mais fraco nas oitavas-de-final possibilitaria enfrentar novamente a temida Espanha já na semifinal – ou seja, pelo menos a disputa pela medalha de bronze estava garantida. É lógico que tem muita coisa para acontecer, mas no complexo jogo de xadrez que envolve os chaveamentos do Mundial, o Brasil fez uma excelente jogada. Agora que já levamos alguns peões e até um bispo, já é hora de pensar no próximo movimento. Ainda tem o outro bispo, muitos peões, torres, cavalos, sem falar do Rei e da Rainha, para serem tombados. Continua difícil, mas essa vitória contra a França mostrou que realmente é possível. 

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Sensacionalmente Mayra

Que acompanha um pouco o judô sabe que um dos maiores desafios do atleta é manter a regularidade. Não basta ser bom, não basta treinar forte. Nem sempre a medalha olímpica ou de um mundial vai para o favorito, para o mais preparado. Em uma competição em que tudo é decidido num único dia, basta não ter acordado bem, ter azar no sorteio, sofrer uma interpretação equivocada da arbitragem, sem falar das lesões que ameaçam o tempo e, pronto, adeus à consagração do pódio. Conseguir dominar todos esses fatores para medalhar uma vez já é bom; por duas, ótimo; por três, maravilhoso; por quatro, fantástico; por cinco vezes ininterruptamente, sensacionalmente sem palavras. Quem pensa que precisou anos de dedicação e que tal façanha vem apenas ao final de carreira se engana. Nossa gigante Mayra Aguiar conquistou tudo isso com apenas 23 anos. Desde 2010, a talentosa gaúcha acumulava três medalhas em Mundiais (uma prata e dois bronzes) e o bronze olímpico em Londres-2012. Consistente e regular, Mayra já esteve perto do ouro por diversas vezes, mas sempre um detalhe a impedia de ir ainda mais longe. Muitas vezes esse sonho foi interrompido pela norte-americana Kayla Harrisson, atual campeã olímpica. Dessa vez, o confronto entre as duas foi reservado novamente para uma semifinal. Mayra entrou no tatame com uma força surpreendente. Hoje nada, nem a maior rival, impediria Mayra de conquistar a sua quarta medalha seguida em Mundial, a primeira de ouro. Detalhe que, pós-Olimpíadas, Mayra passou inclusive por cirurgia. Parabéns por chegar ao lugar que busca há anos. Que a regularidade já demonstrada persista por muito tempo. Uma guerreira como você não precisa provar mais nada para ninguém, mas seria muito justo e merecido que o ouro olímpico que não veio em Londres repouse no seu peito nos tatames do Rio de Janeiro. Siga em frente e parabéns a essa gaúcha com força de mulher, mas sorriso de guria.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Retrocesso

Quando os alemães calaram o país após a estrondosa (para não dizer desastrosa) goleada de 7 a 1, todos acreditavam que o fundo do poço havia chegado, que não era possível afundar mais. A dor era tremenda, mas ficava a esperança de que o vexame em casa seria um marco zero. Todas as lições seriam duramente aprendidas e o futebol brasileiro renasceria para voltar a ser o melhor do mundo. O caminho mais óbvio era aliar o talento e a criatividade do nosso futebol moleque à modernidade e um olhar diferente de um técnico estrangeiro. Eu iria de Diego Simeone sem pensar. Mas a CBF não aprendeu nada com o duro golpe levado há 15 dias. Em vez de levantar, cicatrizar as feridas e olhar para a frente, os retrógrados dirigentes resolveram deram um passo para trás e foram buscar em Dunga a perpetuação do caos. Sou sempre otimista e acho que todo projeto novo merece um voto de confiança, mas desta vez não dá para ser favorável. Não consigo entender o inexplicável. Não existe renovação alicerçada num passado que já se mostrou errado. Gostaria que o futuro demonstrasse que o meu pessimismo foi exagerado. Voltaria ao blog para pedir desculpas a Dunga e Cia. Mas de imediato fica o profundo inconformismo. Só não estou mais desesperado porque acho que Dunga não chega à Copa de 2018. Resta saber se quando a nova mudança for feita já não vai ser tarde demais!

terça-feira, 8 de julho de 2014

Falar o quê?

Muito se falava do medo de um novo Maracanazo, de perder para a Argentina na final. Esqueceram que ainda faltava um jogo, esqueceram que o Brasil se arrastou ao longo de toda a competição, esqueceram tantas coisas. Depois da saída de Neymar, a maior referência do Brasil passou a ser Felipão. Todas as esperanças do Hexa passavam pelo “Gaúcho de Bigode”. Afinal, ele sabia o caminho das pedras. Caminho percorrido com glória em 2002, justamente contra a Alemanha. Estava nas mãos dele fazer duas coisas: motivar o grupo e fazer uma equipe aguerrida, leia-se defensiva. Ninguém entendeu quando Felipão convocou Henrique, mas era uma aposta surpresa, a possibilidade de jogar com três zagueiros. Ou então, tinha a opção de três volantes para minar o ágil e envolvente meio campo alemão. Enfim, Felipão fugiu de suas características e quis encarar de igual para igual a Alemanha. Vamos combinar que semifinal de Copa do Mundo não é dia de fazer testes. Criticar pós-goleada histórica é fácil, mas acho que faltou humildade ao Felipão, que quis inovar na hora errada. Disse no último texto que acreditava na vitória do Brasil, desde que reconhecesse o favoritismo alemão e fosse para a superação. Se não tínhamos a melhor equipe em campo era no psicológico, no apoio da torcida que podíamos buscar forças, mas os alemães destruíram, em sete atos, qualquer chance de o Brasil entrar em campo. Perder para a Alemanha numa semifinal não é vergonha para ninguém, mas levar a maior goleada da competição é um massacre de difícil cicatrização. Mas a Copa não acabou. O Brasil tem um honroso terceiro lugar para disputar no sábado e vale lembrar que se a Copa 2014 acabou,  a Copa 2018 está só iniciando. É preciso ter muita calma. Afinal, a maioria dos jogadores que tomaram o susto hoje em campo é o mesmo grupo que vai seguir representando o Brasil e que tem tudo para dar o troco daqui a quatro anos – vale lembrar que a vitória alemã de hoje começou há quatro anos, quando os germânicos levaram um grupo promissor e jovem à Copa da África. E o ruim é que o pesadelo ainda não acabou. Pior que a goleada de hoje é ver a Argentina de Messi ser campeã no domingo. Por motivos óbvios, vai ser difícil torcer para Alemanha daqui para frente. Então, vai Holanda!


sexta-feira, 4 de julho de 2014

Para Neymar

O Brasil venceu a batalha contra a Colômbia, mas saiu ferido de campo. A perda de Thiago Silva é temporária (apenas um jogo de suspensão por cartão amarelo) e não preocupa. Aliás, não teria jogo mais oportuno para a entrada de Dante do que a partida contra a Alemanha. Homem de referência na zaga do Bayern, Dante conhece profundamente o futebol alemão e pode ser peça fundamental no xadrez da semifinal. Agora, o que dói na alma é a contusão de Neymar. Dói porque ele era a referência da equipe, um dos craques da Copa. Dói porque o lance que o tirou da Copa foi totalmente desnecessário. Dói porque ele estava aguentando a pressão e, mesmo sem ter ido bem hoje, era capaz de decidir a nosso favor. Dói porque Neymar é o legítimo representante do “futebol arte brasileiro”. Só não dói mais porque Willian e Bernard, possíveis substitutos do camisa 10, também tem a criatividade atrevida, o jeito moleque que encanta. A necessidade do Brasil se reinventar em tão pouco tempo transfere todo o favoritismo à Alemanha, mas o que fascina no esporte é justamente a superação. Por incrível que pareça foi só depois que foi confirmada a contusão do Neymar é que eu passei a acreditar que o Brasil realmente pode ser campeão. Novamente acredito no poder motivacional do Felipão para literalmente juntar os cacos e manter acesa a chama do “Projeto Hexa”. Se não podemos mais ser campeões pelo Neymar, podemos ser campeões para o Neymar. Justa homenagem que o craque e a nossa nação merece! Vai Brasil.

sábado, 28 de junho de 2014

Aguenta Coração

Tecnicamente, o Brasil jogou hoje ainda pior que contra o México. A bola na trave do Chile no final da prorrogação quase calou uma nação. Conseguir a classificação só no último pênalti não estava nos planos nem do torcedor mais pessimista. O jogo de hoje teve apenas duas coisas boas: 1) bem ou mal, avançamos às quartas-de-final. 2) a redenção de Júlio César. O goleiro brasileiro pode não estar no auge, mas, sem dúvida, é um dos jogadores mais dedicado, patriota (no bom sentido) e focado. Por tudo que já fez em campo, Júlio César merece ser lembrado pelo jogo de hoje e não pela partida contra a Holanda, quatro anos atrás. A redenção do goleiro brasileiro é uma bonita história de superação, verdadeiro exemplo de nunca desistir. Voltando ao Brasil não há muito que falar. Pelo que demonstraram até agora nesta Copa, a Colômbia pode ser considerada a favorita para a partida da próxima sexta-feira. O Brasil continua dependendo da torcida, dos “Deuses do Futebol”, dos talentos individuais e de Felipão. É impressionante como ele consegue manter o grupo focado. Por mais que ele jamais vai assumir isso em público, Felipão sabe que o Brasil não está entre as melhores seleções da Copa. Mas ele também sabe que, principalmente no futebol, nem sempre o melhor vence. Assim como ele fez com o Palmeiras, em 2012, que tirou leite de pedra para se despedir do clube campeão da Copa do Brasil, Felipão quer repetir a receita para agora vencer a Copa no Brasil. Vai ser no limite até o fim, mas acho que passaremos da Colômbia. Analisando friamente, nossos vizinhos merecem até mais do que nós a classificação, mas a torcida não se guia pela razão. Então prepare-se para mais um “Salve-se Quem Puder”. Aguenta Coração!

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Passamos e agora?

O empate contra o México deixou a torcida brasileira desconfiada, com muitas dúvidas e incertezas. Algumas questões foram respondidas hoje na goleada em cima de Camarões (4 a 1), mas vamos combinar que o jogo contra o lanterna da chave - já desclassificado - não serve muito como parâmetro. De qualquer forma, vamos começar pelas dúvidas respondidas hoje:
1)    Missão cumprida – Não foi da forma como a torcida esperava, não teve nenhuma grande apresentação brasileira, mas o objetivo principal da primeira fase foi resolvido: Brasil terminou em primeiro do grupo e, de quebra, escapou de enfrentar logo de cara Holanda ou Espanha.
2)    Neymar está pronto! – Uma grande dúvida pré-Copa é se Neymar estava preparado para aguentar a pressão de ser a grande estrela do Brasil. Nossa seleção pode até não chegar à final, mas o garoto Neymar já mostrou todo o seu potencial na Copa. Mais do que os quatro gols que o deixam, no momento, como artilheiro da competição, o nosso camisa 10 está chamando a responsabilidade e está sabendo lidar bem com a marcação adversária e com a necessidade de ser decisivo.
3)    Gol de Fred – O artilheiro do Fluminense ainda não fez tudo que se espera de um camisa 9, mas, pelo menos, balançou as redes para espantar a “urucubaca” e resgatar um pouquinho da confiança. Neymar está jogando muito, mas nos jogos decisivos não dá para depender só dele. Ter Fred, assim como o Oscar, com confiança para dividir essa responsabilidade é fundamental para o sucesso do “Projeto Hexa”.
4)    Fernandinho, o novo titular – Deixado o fanatismo de lado, é fato que a Seleção Brasileira ainda não empolgou e parece que o setor que mais preocupa é o meio-campo. Antes do início da Copa, Oscar foi eleito pela imprensa como o grande responsável pela falta de criatividade e objetividade do meio-campo. Depois das boas apresentações, principalmente contra a Croácia, a sua permanência parece garantida. O próximo alvo passou a ser Hulk. Entrou Ramires no jogo contra o México e não funcionou. Hoje, Hulk voltou. Não fez nada de especial, mas também não prejudicou. Luiz Gustavo é o motor do meio de campo. É inquestionável e, no momento, praticamente insubstituível – torçamos para que ele não se machuque e nem tenha problemas com cartões amarelos. A única mudança ficou com Paulinho, que realmente não vem jogando bem. Depois do que Fernandinho jogou hoje, o que era possibilidade virou uma realidade. Fernandinho vem para o time titular com fome de bola.
Agora, a pergunta que não quer calar: O Brasil está pronto para enfrentar qualquer adversário? Pelo sim, pelo não acho bom começar o mata-mata pelo Chile. Com todo respeito ao adversário, mas enfrentar uma equipe sul-americana, em que já estamos mais acostumados a forma de jogar é o que poderia acontecer de melhor para o Brasil. Os Deuses do Futebol já fizeram a sua parte, a torcida está fazendo a dela, agora cabe a seleção fazer a sua!

quarta-feira, 18 de junho de 2014

O Campeão Voltou

O campeão voltou, o campeão voltou... No caso da Espanha, o campeão voltou para casa, após uma campanha frustrante na Copa. Para o Brasil foi a melhor coisa que poderia acontecer. É verdade que foi justamente a gente que iniciou a derrocada da Fúria na final da Copa das Confederações, mas enfrentar os espanhóis num jogo eliminatório, ainda mais com clima de revanche, seria muito arriscado. Vai que eles resolvem acordar justamente contra o Brasil. Se para o projeto Hexa o “adiós” precoce dos atuais campeões é uma ótima notícia, para o futebol mundial é ruim, muito ruim. É um fim melancólico de uma geração que encantou o mundo, com uma nova forma de jogar futebol. A Espanha, assim como o próprio Brasil em outros momentos, não soube trabalhar bem a transição entre a geração vencedora e a posterior, que teria todas as condições de continuar brilhando. A frustação que hoje assola os espanhóis serve de alerta para todos que continuam sonhando com o título. A Copa é um torneio muito rápido e que não perdoa erros. Por isso é bom o Brasil realmente ficar em primeiro do grupo. Com todo respeito ao Chile, mas pegar uma Holanda embalada na próxima fase é demais para o futebol que apresentamos até agora...

terça-feira, 17 de junho de 2014

Vai Defender Assim Lá em Acapulco!

O Brasil não jogou bem, é verdade, mas teria sido o suficiente para sair com a vitória se todos os Deuses Astecas não tivessem fechado o gol mexicano: uma defesa difícil vai lá, mas segurar quatro gols feitos, numa única partida, realmente precisa de uma intervenção divina. Se nas Olimpíadas ficamos conhecendo, infelizmente da pior maneira, Peralta, hoje foi dia de o Brasil engolir, a seco, Ochoa. Vai defender assim lá em Acapulco... É lógico que depois do baile que Holanda e Alemanha deram, respectivamente, em cima de Espanha e Portugal, adversários muito mais desafiadores que o México, o empate de hoje não é nada encorajador para o projeto Hexa. Porém, do ponto de vista da classificação, muda muito pouca coisa: o Brasil continua com plenas condições de terminar na liderança do grupo A. O empate contra o México não é um desastre em si até porque aconteceu numa hora que ainda podia, mas escancara duas coisas: a primeira é que podemos até ser campeões, mas não temos a melhor equipe - se não fosse o fator casa, com certeza não estaríamos entre os favoritos deste ano. A segunda é que Hulk, o titular mais contestado (para muitos não deveria nem ter sido convocado), é peça fundamental para o esquema tático do Brasil. Hulk pode ter suas limitações técnicas, mas, literalmente, dá peso e força ao ataque e meio campo do Brasil. Com ele em campo, Neymar e Oscar podem usar toda a sua agilidade e criatividade, pois tem um guerreiro incansável para recompor o meio campo e para completar uma jogada no ataque. Espero que o susto de hoje seja suficiente para cessar as críticas a Hulk. Ele pode não ser craque, muito menos a estrela da companhia, mas sem dúvida é o carregador de piano que todo time campeão precisa ter. Volta Hulk!

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Splitter Campeão, Chegamos Lá

Podia ser o tri de Miami, a consagração de LeBron, mas foi dia do Spurs, do espírito de equipe, da genialidade de Popovich. Entre os múltiplos sotaques – são cinco estrangeiros no San Antonio – ressoa o português de Splitter, o primeiro brasileiro a se consagrar campeão da NBA. Quando eu comecei a acompanhar a NBA, ainda no final dos anos 80, a competição era realmente norte-americana e ter um brasileiro no topo parecia um sonho inatingível. Alguns estrangeiros se aventuravam pelas terras do Tio Sam, mas sempre em papéis secundários. Aos poucos isso foi mudando e hoje a NBA é realmente um campeonato global. Espanhóis, alemães, argentinos, franceses e muitos outros já sentiram o gostinho de ser campeão, mas para nós, brasileiros, o máximo que tínhamos atingido era ter chegado à final, primeiro com Varejão e no ano passado com o próprio Splitter. Faltava o último degrau, agora não falta nada: o San Antonio Spurs deu um show de estratégia, conjunto. E nesse espírito coletivo, Splitter, a cada dia que passa, consegue consolidar a sua importância na rotação do time. É o reconhecimento do gigante Splitter, brasileiro que saiu cedo para buscar seu espaço na Europa e, quando já estava consagrado por lá, aceitou o desafio de recomeçar na NBA. Depois de algumas desconfianças, Splitter manteve o foco. É admirável a sua persistência, garra e humildade. Ao se tornar o primeiro brasileiro campeão da NBA, Splitter não realizou apenas o seu sonho, mas o sonho de toda uma nação. Milhares de “basqueteiros de sofá”, que assim como eu, puderam sair dessa final com um gosto diferente: a festa continua lá nos EUA, mas tem um pouco de nós. Que esse seja o primeiro de muitos anéis de um brasileiro da NBA. Agora que já temos um campeão, o próximo sonho é ter um brasileiro liderando uma equipe da NBA. Hoje parece impossível, mas amanhã, quem sabe...

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Primeiro Teste = Aprovado

Foi só o primeiro jogo, um ótimo início, mas nada mais do que isso. Ainda temos um mês de bola rolando e é preciso manter a calma, pois muita coisa ainda vai rolar. Aliás, já na estréia aconteceu quase de tudo: um gol contra, um pênalti duvidoso, uma virada emocionante, dois gols de Neymar, o brilhantismo de Oscar e a certeza que realmente temos dois paredões na defesa: Thiago Silva e David Luiz. De tudo que aconteceu em campo hoje, acho que o mais significativo foi a virada. No futebol, para reconhecer um grupo vencedor é sempre bom verificar como a equipe se comporta quando sai atrás do placar. E confesso que tinha certo receio, para não disser medo mesmo, de como nossos meninos iriam reagir quando, em plena Copa do Mundo em casa, tomássemos um gol inesperado. Ter essa oportunidade logo no primeiro jogo foi o teste que faltava para mostrar que o grupo realmente está comprometido. É impressionante como o Felipão tem a capacidade de unir, motivar, cobrar e, ao mesmo tempo, acalmar seus jogadores. Por falar em aguentar a pressão, parabéns ao Oscar. Quando a sua saída do time titular era dada praticamente como certa, Felipão manteve a coerência e deu mais uma chance para o talento e inteligência do garoto. Ainda bem: Oscar não só marcou o seu, como participou dos outros dois gols do Brasil. Enfim, foi, ao mesmo tempo, cérebro e coração da equipe. O primeiro passo foi muito bem dado, mas já é hora de pensar no próximo. Até porque o México tem preparado poucas e boas para  nós nos últimos anos...

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Pontapé Inicial

À véspera do início da Copa do Mundo parece que ninguém pode falar de futebol. Torcer para o Hexa então virou caso de polícia, verdadeira traição nacional. Acho que antes de o Brasil sediar a Copa, há inúmeras outras prioridades que poderiam ter sido contempladas. Há estádios, erguidos sob o alicerce do investimento público, que ficarão totalmente subutilizados pós-Copa. Sei que a chance de aproveitar a Copa com uma função social e até de melhorar a estrutura do país não foi aproveitada. Sei que o fato de o Mundo estar olhando para nós neste mês seria uma super chance de realizar grandes manifestações pacíficas, de plantar sementes de mudança, mas que, infelizmente, nada será feito – tudo que tiver de protesto terá um viés político por trás. Não sou ingênuo de acreditar que o esporte nunca foi utilizado politicamente. Foi, é e continuará sendo. Mas eu não faço uso dessa distorção e não caio na lábia dos que tentam fazer. Para mim, Copa do Mundo continua sendo dentro de campo, jogo de estratégias, festa de integração, momento de torcer. Quer torcer contra a seleção brasileira, torça à vontade. Escolha uma seleção, faça suas apostas. O importante é acompanhar a disputa sadia que só o esporte proporciona. É impulsionado por essa emoção esportiva que dou o pontapé inicial na cobertura do blog para a Copa. A partir de agora todos os próximos textos vão abordar somente o que acontece dentro das quatro linhas, pois foi exclusivamente para isso que o “Esporte Literário” foi criado. Em tempo: eu vou continuar torcendo para o Brasil, dentro e fora do campo.

sábado, 31 de maio de 2014

Deu a Lógica

O Paulistano bem que tentou, cheguei até a acreditar que um mini “Maracanazo” poderia acontecer, mas, no final, deu a lógica e o Flamengo levantou mais uma taça, a segunda seguida no NBB – em seis edições, metade ficou com o time carioca, metade com o Brasília. Depois da derrocada do Brasília, o Flamengo passou a reinar soberano, ainda mais com os reforços para este ano. Agregando qualidade ao grupo forte que já existia, as contratações estrangeiras do argentino Laprovitola e do norte-americano Meyinsse transformaram os rubro-negros não apenas nos melhores do país, mas também do continente – antes da final do NBB, o Flamengo já fez a festa com a conquista da Liga das Américas. O time carioca é completo não apenas pelos cinco titulares, mas pelo conjunto como todo. O adversário neutraliza os alas cestinhas Marquinhos e Marcelinho, sobra o Laprovittola, com a qualidade e garra argentina. Marca forte fora do garrafão, Olivinha e Meyinsse chamam a responsabilidade. Quando tudo parece estar sob controle, vem o Felício com um arremesso surpresa de três. Sem falar do retorno do Benite e da segurança que Gegê e Shilton passam quando entram em quadra. Tudo sob a supervisão do competente José Neto. Enfim, todos tentaram, mas ninguém conseguiu: 2013/2014 é do Flamengo, que vai comemorar este ano inesquecível jogando contra equipes da NBA. Realmente o time carioca está um nível acima de todo o restante do país. Bauru está tentando se equiparar e que outras equipes possam chegar junto (vamos lá Franca), porque quanto mais times com chance de vencer, mas emocionante fica a coisa.

sábado, 10 de maio de 2014

Continuidade

Bem que eu gostaria que Franca fosse a surpresa da semifinal do NBB, mas essa honra ficou com o Mogi que eliminou o favorito Limeira, mesmo jogando fora de casa. Por um instante, Franca chegou a passar a sensação que protagonizaria nova virada histórica, desta vez contra o Paulistano – mas duas vezes no mesmo campeonato seria demais. Coube a Franca novamente ficar no quase,  deixando aquele gostinho de que dava para ir mais longe, mas, ao mesmo tempo, a sensação de dever cumprido, afinal não faltou raça ou empenho. Num momento de eliminação é preciso ter calma na avaliação. É bom voltar à origem deste projeto de reformulação do Franca Basquete, que iniciou há duas temporadas atrás. Na minha primeira análise, dei todo o meu voto de confiança, mas afirmei que era preciso ter calma, pois os primeiros grandes resultados viriam em três, quatro temporadas. Ou seja, a derrota de hoje era, de certa forma, já esperada. É lógico que alguns ajustes para a próxima temporada são necessários, mas acho que a palavra de ordem da nova presidência do Franca Basquete tem que ser “continuidade”. Continuidade de Lula e sua comissão técnica, continuidade da base dos jogadores, continuidade do espírito de raça e superação. Continuidade até do meu discurso: acho que ainda falta a estrela do time, o cara que vai ser a referência no ataque – sem esquecer, é claro, da parte defensiva. Acho que a diretoria tem que se esforçar ao máximo para manter a base: Socas, Léo, Lucas e Paulão (este, com certeza, o maior acerto desta temporada) só podem sair se forem desbravar o cenário internacional. Caso contrário, o Pedrocão tem que continuar sendo o lar de lapidação e amadurecimento do talento dessa garotada. Não gosto de perder, mas a forma como Franca vendeu caro a sua eliminação mostra que o projeto está no rumo certo. É preciso reconhecer também que o Paulistano iniciou esse projeto sólido liderado pelo técnico Gustavo Conti antes da reformulação francana. Assim, era até merecido que eles chegassem lá antes. Agora para 2014/2015 não tem conversa: a vaga de sensação do campeonato tem que ser da Capital do Basquete. Continuidade do sonho que Franca volte a ser o que nunca deveria ter deixado de ser.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

De Virada

Quando o último quarto da partida decisiva entre Uberlândia e Franca começou, devo confessar que já estava pensando no texto de balanço da temporada 2013/2014 da equipe francana. Sorte que eu não escrevi nenhuma linha, pois teria sido trabalho perdido. Em dez minutos, Lula e seus meninos protagonizaram aquelas viradas que poucas vezes acontecem, mas que transbordam a emoção que só uma partida acirrada de basquete pode proporcionar. De repente não parecia que Uberlândia era o atual vice-campeão do NBB e que era quem jogava em casa. Não parecia que era do time mineiro os jogadores mais experientes como Helinho, Valtinho e Robert Day. A cada lance, Franca seguia sua tentativa de recuperação. Parece que o padrão de jogo que faltou durante toda a temporada de classificação ficou reservado para esses dez minutos de partida. A defesa incansável, que foi o grande segredo de Lula e seus meninos na temporada passada, retornou. No ataque, a consciência de que uma diferença de dois dígitos leva tempo para ser retirada. Por isso nenhuma bola pode ser desperdiçada. Franca foi buscar no jogo coletivo a virada. Tanto que essa vitória não tem um único responsável. O gigante Paulão continuou sendo a certeza no garrafão, Léo, Jhonatan e Basden fizeram o que se espera de um ala, Antonio foi a surpresa que veio do banco e foi fundamental para que Uberlândia não abrisse uma vantagem “irrecuperável”. Sem dúvida uma vitória que enche de orgulho o torcedor francano, mas o campeonato segue e tudo o que aconteceu hoje já é passado. O presente se chama Paulistano, que novamente tem a vantagem no mando de quadra. Por isso é começar guerreiro desde o início e buscar pelo menos uma vitória nas duas primeiras partidas em São Paulo.

domingo, 23 de março de 2014

Hegemonia Brasileira?

O Flamengo sagrou-se campeão da Liga das Américas de Basquete, diga-se de passagem, numa final contra o Pinheiros, que era o atual campeão. A conquista rubro-negra é o segundo título continental brasileiro nesta temporada, já que o Brasília é o atual campeão sulamericano. Essa sequência de títulos das equipes brasileiras leva uma reflexão: o Brasil (deixando sempre os EUA como um universo basquetebolístico a parte) voltou a ser o melhor da América? Esses títulos poderiam dizer que sim, mas a realidade da seleção brasileira, que só entrou no Mundial por um convite da Fiba, demonstra que não. Acho que estes resultados dos clubes brasileiros não revelam uma melhora do basquete nacional, mas sim um pequeno avanço na economia verde-amarela. Com uma economia um pouco mais estável do que as dos países vizinhos, conseguimos manter talentos locais como Alex e Giovannoni, no Brasília, Marquinhos, no Flamengo, e atrair estrangeiros de melhor qualidade – inclusive representantes sulamericanos como o uruguaio Osimani, do Brasília, e o argentino Laprovittola, do Flamengo. Já os vizinhos, sobretudo os argentinos, não mantiveram suas principais referências no campeonato interno. Mas, quando o assunto é seleção, todos voltam, inclusive os da NBA e aí o Tango continua soberano. Apesar da hegemonia brasileira ser superficial, ainda sim há motivos para comemorar. O nível técnico do NBB melhorando, inclusive a partir de boas referências estrangeiras, pode gradativamente reacender o potencial dos brasileiros. Mantendo esse padrão por alguns anos, aí sim podemos ter um efeito benéfico para a seleção. Sigo na torcida que o basquete do Brasil volte a ser, no mínimo, o melhor das Américas. Por ora, deixa os cariocas comemorarem...

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Porta Dos Fundos

O Brasil, via convite Fiba, está oficialmente confirmado no Mundial de Basquete Masculino. Não é a forma mais honrosa de chegar lá, mas, depois do fracasso em quadra na Copa América, era a única alternativa. E vamos combinar que, se a Finlândia merece o voto de confiança da Fiba, o Brasil, como bicampeão mundial, merece muito mais – os outros dois convidados são Grécia e Turquia. Por trás desse convite existe um investimento pesado, inclusive financeiro, para garantir a participação brasileira. Então, ir ao Mundial apenas para falar que foi é pouco, muito pouco. Que Magnano possa contar com a força máxima e que as derrotas de 2013 seja um marco da virada do nosso basquete. Independentemente do resultado, eu gostaria que o Brasil fosse a surpresa da competição. Misturasse as estrelas da NBA com as jovens promessas do NBB. Se as meninas do nosso Handebol, com muito menos fama e apoio, conseguiram, por que os marmanjos do basquete não podem voltar com uma medalha? Afinal, entrar pelas Portas dos Fundos é até admissível, mas sair pela Porta dos Fundos aí é outra história, muito mais grave.