Até Barcelona-92, o
Brasil ganhou sete ouros
Mas todos a partir de
conquistas individuais
Ainda faltava mostrar
a força do nosso coletivo
Unidos pelo sonho
mosqueteiro de todos por um
Resplandeceu em quadra
um grupo guerreiro
Inspirados pela
geração de prata, queriam mais
Curioso que o Brasil
já era campeão mundial
Amarelinha tri no
futebol e bi com o basquete
Respeito que não se
repetia nas Olimpíadas
Lá, nossas maiores
conquistas vêm do Vôlei
A conquista na Espanha
foi apenas a primeira
Orgulho que seguiu com
homens e mulheres
Depois da prata nas
Olimpíadas de Los Angeles
O nosso vôlei passou a
ser conhecido lá fora
Uma equipe de respeito
no meio de tantas outras
Grande favorito em
Barcelona era a super Itália
Líderes do grupo A, os
italianos pareciam Ouro
Até que na fase seguinte
barraram na Holanda
Sem os mais temidos, o
Brasil seguia seu rumo
Ganhamos de todos na
primeira fase na chave B
Impecável contra o
Japão nas quartas-de-final
Os EUA vieram na
semifinal como bicampeões
Vingar a derrota em
1984 e garantir nova final
A chance era única e
nossa impecável seleção
Não desperdiçou a
oportunidade de triunfar
Eis que faltava o
último degrau, o mais difícil
Já falaremos da final,
antes é tempo de lembrar
As regras de então,
fazia do vôlei outro esporte
Ninguém sabe hoje o
que é a tal da vantagem
Era bem mais difícil e
longo para marcar ponto
Líbero é coisa
moderna, antes todos defendiam
Sacavam, cortavam,
passavam, bloqueavam
O set acabava em 15 e a
novidade em 92 era
Não ter vantagem no 5º
set, famoso tie-break
Jejum de um ouro
coletivo estava perto do fim
O último obstáculo era a
Holanda de gigantes
Ron Zwerver estava
sendo o melhor jogador
Grande responsável
pela eliminação da Itália
Era preciso todo
cuidado para parar a estrela
Mas o nosso segredo
era justamente o coletivo
A disciplina tática
com a ginga de nosso povo
Um primeiro set bem
disputado, decidido no fim
Raça brasileira venceu
a frieza dos holandeses
Impressionante 15 a 12
depois de uma batalha
Confiantes, seguimos
jogando bravamente
Impulsionado pelo canto de paixão da torcida
O Brasil também levou o
segundo set, 15 a 8
Nada podia deter
nossos meninos neste dia
E ponto a ponto, a
vitória foi se costurando
Gigantes da Holanda tentavam
reagir, virar
Resistiam, mas não
tinha mais o que fazer
A certeza no ataque era
pancada de Negrão
O ponto final quis o
destino que viesse dele
Potência explosiva no
saque bruto de Negrão
Ai, ai, ai, ai, ai, em
cima, embaixo, puxa e vai
Maurício, toque
celestial nas levantadas do time,
Podia enfim correr
para abraçar o irmão na torcida
Ave o versátil Giovane,
completo defesa e ataque
Para consagrar essa
geração vitoriosa, viva Tande
Alegre, técnico,
inteligência emocional em quadra
Um toque de vigor
gaúcho nas mãos de Paulão
Lá em cima, na ponta
dos dedos, preciso bloqueio
A garra de Carlão
inspirava um grupo ainda jovem
O legítmo capitão,
austero mas também “Paizão”
Todos os reservas
contribuíram quando chamados
Amauri, único que já
era prata, subiu um degrau
Levava o ouro não só
para si, mas para um grupo
Montanaro, Renan,
Willian Xandó, Bernardinho
O triunfo na Espanha
tinha muito dos precursores
Talmo era seguro
quando Maurício ia descansar
A força bruta de
Janelson desorientava a defesa
Não tem como esquecer
o obstinado Jorge Edison
Direto de Pernambuco
para o Mundo, salve Pampa
Em Douglas a
serenidade eficiente que veio somar
Zerando medos,
acrescentando equilíbrio ao sonho
É de Zé Roberto o toque
final a um ouro de todos