sábado, 11 de agosto de 2012

Espetacular


Eu acompanho as Olimpíadas desde que me conheço por gente e não me lembro de uma trajetória tão espetacular como a das nossas meninas do vôlei. Não foi uma campanha invicta e inquestionável e é justamente aí que está o diferencial deste grupo. Por várias vezes estiveram por um triz da eliminação, mas nunca desistiram, nem quando o adversário era o franco favorito, como foi contra a Rússia e os EUA. O exemplo de superação, de dar a volta por cima, de nunca desistir é que traz ao ouro de hoje um sabor especial. Quando começou as Olimpíadas, eu tinha uma meta para o blog: escrever um texto para cada medalhista brasileiro e, no caso de um ouro, escrever um acróstico (poema em que a primeira linha de cada verso forma um nome). Caso este ouro fosse de um esporte coletivo, a idéia era fazer o acróstico com o nome da modalidade, por exemplo, vôlei feminino. Agora, depois de tudo que esse grupo fez em Londres, achei que o mínimo que eu poderia fazer era citar o nome delas no poema. E lógico que o Zé Roberto, o primeiro tricampeão olímpico do Brasil não poderia estar de fora.

Algumas coisas só acontecem
Dentro do universo olímpico
Eu já vi vitórias inesperadas
Nada parecido com a de hoje
Indescritível virada da vida
Zeus tem orgulho das nossas
Inigualáveis guerreiras do vôlei
Apostaram em nunca desistir

De uma 1ª fase irreconhecível
Atropeladas por EUA e Coréia
Não parecia que era possível
Insistir no sonho do bi olímpico

Foi por pouco que não demos
Adeus ainda na etapa inicial
Brasil necessitava de uma
Improvável combinação para
Avançar as quartas-de-final
Num exemplo de esportividade
As americanas não ‘entregaram’

Foi aí que tudo começou a mudar
A vitória contra a Sérvia trouxe
Bravura, alegria e muita energia
Inspiradas, seguimos adiante

Felizes novamente em quadra
Encaramos as temidas russas
Rivais entaladas na garganta
Não tem como esquecer Atenas
Ainda mais depois das derrotas
Nas finais dos últimos mundiais
Desta vez tinha que ser diferente
Assim foi o momento do ápice

Ganhando desde o início do jogo
A vitória russa parecia inevitável
Raça verde-amarela para virar
Após defender seis match-points
Yes, o dia de lavar a alma chegou

Japão era o adversário da semi
A disciplina oriental era o desafio
Qualquer deslize poderia ser fatal
Uma apresentação sensacional
E a vaga na final estava garantida
Lá a tarefa era muito mais difícil
Inquestionável favoritismo dos EUA
No primeiro set, um grande susto
Era o fim desta história tão bonita?

Não seria justo com nossas meninas
A caminhada épica da volta por cima
Tinha que ser coroada com o topo
Aos poucos equilibramos a partida
Levantamentos e ataques perfeitos
Implacáveis na defesa e no bloqueio
Até o último ponto da consagração

Parece que essa medalha de ouro
Alcança uma dimensão mágica
Uma conquista que passa qualquer
Limite do esporte num tom heróico
Ao mesmo tempo que é tão humano

Show de um grupo que renasceu
Hora de orar para agradecer por tudo
E dá-lhe cambalhotas das campeãs
Inesquecível a felicidade no pódio
Leveza e a dança do dever cumprido
Lá estavam as nossas 12 guerreiras
A primeira era Jaque, estrela da final

Thaisa é vibração e garra na rede
A Sheilla contra a Rússia foi demais
Não existe bola perdida para a Fabi
Dani foi a maestra perfeita da equipe
A liderança coube à capitã Fabiana
Ritmo nas mãos de Fernandinha
Adenizia foi raça quando entrou

Tandara é aposta para o Rio-2016
Homenagens à supermãe Paula
A vaga de Natalia foi na superação
Impossível não lembrar de Fer Garay
Sassá, Juciely, Brait, Fabíola e Mari
A medalha tem um pouco de vocês

Zé Roberto não pode faltar na lista
É ele o pai de três ouros olímpicos

Família Falcão


Nestas Olimpíadas, o Brasil conheceu a família Falcão. Os irmãos Esquiva e Yamaguchi escreveram seu nome na história olímpica ao conquistarem, respectivamente, prata (o ouro não veio por um ponto) e bronze. Filho de Touro Moreno, o sucesso dos irmãos não poderia vir em outro esporte que não fosse o boxe. Aliás, as três medalhas da modalidade, junto com as quatro do judô, significa quase a metade das 16 medalhas conquistadas pelo Brasil em Londres. Vitória de atletas que converteram a luta do dia-a-dia em medalhas olímpicas.

E o Tabu Continua

O futebol brasileiro continua sendo o único pentacampeão, mas a prateleira de títulos vai continuar, pelo menos por mais quatro anos, sem a sonhada medalha de ouro olímpica. Nossa equipe vinha jogando bem, apostando na crescente de Damião, na maestria de Oscar e na irreverência de Neymar. Mas o México tinha Peralta, que precisou de apenas 30 segundos para pulverizar a nossa confiança. Atrás no placar desde o início, não conseguimos mostrar poder de reação e o segundo gol, novamente de Peralta, mostrou que não seria no lendário Wembley que viria nosso inédito ouro. Hulk ainda trouxe um fio de esperança, Oscar teve uma última chance, mas já era tarde. A verdade é que até o Corinthians conseguiu neste ano acabar com o jejum de títulos da Libertadores. Mas quando chegou a vez da seleção olímpica, ela até que chegou bem perto, mas o tabu continua. Quem sabe o fato de a próxima tentativa ser no Rio de Janeiro não facilita para concretizar o tão esperado ouro olímpico. Até lá, ficamos com a prata com gostinho de quero mais.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Torcida pelo Triplo Ouro


O Brasil aparece, no momento, com 12 medalhas (2 ouros) no quadro geral de medalhas, porém mais 4 estão garantidas. Este total nos leva, pela primeira vez na história olímpica, a 16 medalhas, ultrapassando as 15 conquistas de Atlanta-96 e Pequim-08. Se o recorde em quantidade já está garantido ainda nos falta, em qualidade, três medalhas de ouro para igualar a campanha de Atenas-04. A nossa busca tripla pela conquista dourada é difícil, mas não impossível. Neste sábado, estamos em três finais: que o futebol conquiste o único título que falta na galeria vencedora; que o Esquiva Falcão traga o inédito ouro no boxe e que nossas meninas surpreendam as favoritas norte-americanas no vôlei. Para fechar com chave, ou melhor, com medalha de ouro, temos no domingo os nossos garotos medindo força contra a Rússia na final do vôlei – acho que a turma do Bernardinho leva essa, mas não achem que vai ser fácil como os 3 sets a 0 da primeira rodada. Fora estas quatro medalhas garantidas, ainda temos chance de pódio no taekwondo feminino, maratona masculina e pentatlo moderno, Já estou no clima de saudade das Olimpíadas, mas ainda tem um último final de semana cheio de emoções. Racionalmente apostaria, neste momento, que o Brasil vai encerrar com quatro ouros. Porém, como o esporte não é feito só de lógica, vou torcer até o fim para que repitamos a façanha dourada de Atenas. E você, acha que vamos conseguir?

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Sina da Prata


É lógico que Emanuel e Alison terão muito orgulho da prata olímpica conquistada, mas só a partir de amanhã. Hoje, a sensação que predomina é a dor pelo ouro perdido. Não tem jeito, esta é a sina da prata. Definitivamente ela está acima do bronze, mas a sensação imediata é de menos. Isto porque o bronze nasce de uma vitória. Já a prata traz a dor de uma derrota. Para resolver isso, só o tempo. Logo mais, Alison e Emanuel terão muito orgulho de contar para todos que estavam lá na final olímpica lutando até o último minuto. Parabéns. 

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Baiana Arretada


Não acho que o boxe é o esporte que melhor representa o espírito olímpico, mas não estou aqui para falar da modalidade e sim de atletas. Na verdade uma atleta, a baiana arretada Adriana Araújo, bronze verde-amarelo na estréia do boxe feminino nas Olimpíadas. Não acompanho o boxe de perto, mas imagino o longo percurso que Adriana caminhou até subir no pódio de Londres. A disputa no ringue é só uma parte da luta. Por trás das luvas, com certeza estão anos de sacrifício em busca de um sonho. O suor se transforma em lágrimas e Adriana coloca o nome do Brasil no seletíssimo grupo das primeiras medalhistas da história do boxe olímpico. Golpe perfeito da baiana arretada.

Nunca Desistir


Juliana e Larissa saíram visivelmente decepcionadas ao perderem ontem na semifinal para as norte-americanas April e Jennifer. Mais do que ficar fora da briga do ouro, foi a derrota de virada que baqueou a nossa dupla. Se a final já não era mais possível, ainda tinha uma honrosa disputa pela medalha de bronze, tudo em menos de 24 horas. Como cicatrizar todas as feridas em tão pouco tempo? Parecia impossível. No início da disputa do bronze, nossas meninas ainda estavam atordoadas. As chinesas Xi e Xue venceram o primeiro set por dez pontos e abriram três pontos no momento decisivo do segundo set. Mas aí, Juliana e Larissa mostraram porque formam a melhor dupla feminina do momento. Já não tinha mais técnica, tão pouco qualquer tipo de dor. Foi emocionante ver nossas meninas renascendo na areia, buscando a última gota de energia. Vitória que veio de dentro, do coração. Se hoje o que estava em jogo era a medalha de bronze, isso é o que menos importa. O que ficou foi o exemplo de nunca desistir. Juliana e Larissa estão de parabéns.

Dito e Feito


Eu já dei o recado no texto de ontem (“Pra Lavar a Alma”): nunca subestime um campeão olímpico. Se essa equipe for a Argentina, aí a atenção tem que ser triplicada. Para complicar ainda mais, os jogadores argentinos se sentem em casa na terceira participação seguida em alto nível. Já o Brasil ficou fora da festa principal por 16 anos e, naturalmente, precisava de uma maior adaptação. Por tudo isso, sempre deixei claro que não gostaria de enfrentar a Argentina nas quartas de final de jeito nenhum. Os Hermanos podem já não ter o mesmo ritmo do ouro em Atenas-2004, mas contam com experiência, técnica, tática, raça, catimba e, por que não, sorte. A questão do jogo em si não tem como comentar, já que não assisti a partida inteira. O que eu sei é que o Brasil começou bem, voltou a ter os seus apagões, a Argentina abriu 15 pontos, conseguimos voltar, mas na hora H faltou o algo mais. Sei lá se contra a França o resultado seria diferente. O fato é que a Espanha avançou para a briga por medalhas e nós ficamos pelo caminho. Não quero resumir tudo à polêmica última partida da primeira fase – o que está feito está feito. A verdade é que o Magnano, como grande estrategista que é, sempre falou que o foco do Brasil era para 2016. O objetivo para Londres era voltar às Olimpíadas. É que retornamos tão bem, que começamos a sonhar com a medalha e, realmente tínhamos chances reais. Mas o esporte é assim mesmo, vitórias e derrotas se alternam. Ontem, nossas meninas conseguiram dar o tão esperado “chega pra lá” nas russas. No basquete ainda não foi a hora. Mais uma vez temos que engolir, a seco, Ginóbili, Scola, Delfino e Cia. A dor só não é maior porque o vôlei masculino deu o troco em cima dos Hermanos.

P.S. – Voltando a história do “jogo fácil” entre o primeiro (de uma chave) e quarto (do outro grupo), hoje foi a vez do líder EUA perder num sólido 3 sets a 0 para a Itália. Para ter certeza que não vai ter “zica”, acho que a meta depois da “Sina de Londres” vai ser escapar da liderança na primeira fase.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Pra Lavar a Alma


Hoje o Brasil viveu a mesma situação duas vezes, indo da tristeza para a alegria em questão de horas. No handebol feminino, nossas meninas fizeram uma campanha fantástica, terminando em primeiro lugar na primeira fase. Esta colocação garantiria enfrentar o quarto colocado do outro grupo, o que teoricamente seria o adversário mais fácil possível. Só na teoria. O que se viu em quadra foi a Noruega, atual campeão olímpica e mundial, querendo manter a sua hegemonia. Nossas meninas se esforçaram muito, chegaram a ficar na frente na maior parte do tempo, mas, no final, a frieza das norueguesas prevaleceu. O objetivo principal é sempre a medalha, mas nossas garotas tem que se orgulhar muito de tudo o que fizeram. Nunca ouvi falar tanto de handebol como nos últimos dias. Em seguida, veio o jogo do vôlei feminino e aí era o contrário. A Rússia vinha voando baixo, invicta e líder absoluta da chave. Já o Brasil veio no sufoco, garantindo a quarta e última vaga só no último jogo. Favoritismo total das russas, mas novamente só na teoria. O equilíbrio psicológico que faltou antes, hoje esteve de verde-amarelo o tempo todo. O Brasil já foi campeão olímpico, mas ainda faltava no currículo uma vitória maiúscula contra as russas, vilãs na fatídica semifinal em Atenas-2004 (aquele 24 a 19 para nós no 4º set nunca vai sair da cabeça) e nas duas últimas finais de Mundial. Hoje tinha que ser diferente. E foi lá, após salvar seis match-points, que o Brasil foi buscar uma daquelas vitórias que mostra todas as dimensões olímpicas. Fôlego renovado para entrar com tudo na briga por medalhas. As norueguesas no handebol e nossas meninas no vôlei deixaram um recado bem claro: nunca duvide de um campeão olímpico! Se eu fosse um pouquinho mais flexível, eu acompanhava o Zé Roberto no peixinho. Se fosse um pouquinho mais extrovertido, eu dava um grito daqueles. Como não sou nenhuma coisa, nem outra, escrevo emocionado, de alma lavada.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Agora o Bicho Vai Pegar


Num jogo repleto de especulações, o Brasil não quis saber de conversa. Foi lá, venceu a Espanha na última rodada da primeira fase do basquete olímpico por 88 a 82, avançando em segundo lugar do grupo. Não sei se a Espanha “entregou” a partida para fugir dos EUA numa eventual semifinal – nós também tínhamos esta opção. A verdade é que se os espanhóis fizeram algo do tipo, eu não os condeno. Não concordo muito com esse moralismo ortodoxo. Eu acho que nenhum atleta deve “programar” um resultado, quando isso significa prejudicar ou beneficiar um adversário. Isto está totalmente fora dos princípios esportivos, sobretudo dos olímpicos. Agora, a questão de apostar num resultado que interfere basicamente no futuro do próprio atleta ou da equipe envolvida, eu vejo como uma questão de estratégia. Na verdade, não é que ninguém vai entrar para perder, mas passa pela motivação. Toda vez que um atleta está em ação, ele busca, antes de tudo, o melhor resultado para ele, 99,9% das vezes isso significa ir atrás da vitória até o fim. Mas se, de repente por algum regulamento inesperado, o não ganhar significa o melhor resultado, qual o problema? Para mim nenhum. Em 2010 criticaram, e muito, o Bernardinho por “entregar” um jogo na primeira fase, mas a verdade é que o Brasil sagrou-se campeão. Enfim, voltando à polêmica do dia, eu gostaria que, “entregando” ou não, o Brasil tivesse perdido. E não é pela questão de enfrentar os EUA numa eventual semifinal, mas sim por escapar da Argentina nas quartas-de-final, em duelo que uma derrota significa ficar de fora da briga por medalhas. Os hermanos podem não estar na mesma forma do ouro de Atenas-2004, perderam duas vezes na primeira fase, mas, contra o Brasil é sempre outra história. Foi na base da motivação que, na mesma fase no Mundial de 2010, nós ficamos pelo caminho e os argentinos avançaram. Neste jogo chave de quarta-feira, eu acho que a pressão psicológica contra a França seria menor. Enfim, os cruzamentos já estão definidos e não tem o que escolher. A verdade é que “agora o bicho vai pegar”. Só espero que a Tropa de Elite na quarta-feira vista verde-amarelo! 

Argolas de Ouro


Desde 2004, o Brasil sonha com a primeira medalha olímpica na ginástica artística. Demorou, mas quando veio já foi logo um ouro, numa indescritível surpresa de Arthur Zanetti. O triunfo de hoje é justa homenagem ao esforço dos irmãos Hypolito, de Daiane dos Santos, de Jade Barbosa e de tantos outros ginastas e treinadores, que fizeram o seu melhor para esse salto de qualidade da ginástica brasileira. Se até então, o Brasil olhava principalmente para a disputa do solo, agora é a vez de olhar um pouco mais para cima até encontrar um par de argolas. É lá que Zanetti vale ouro!.

Argolas suspensas em desafio
Raça, equilíbrio e versatilidade
Técnica apurada e sangue frio
Homens-elásticos em disputa
Um deslize não tem mais volta
Resistência para superar todos

Zanetti não era o favorito olímpico
Azar de quem subestimou Arthur
Nada intimidou o jovem brasileiro
Espetacular apresentação sem erro
Tantos anos de esforço e sacrifício
Tudo compensado em Londres com
Inédito ouro na ginástica do Brasil

domingo, 5 de agosto de 2012

Raio Bolt

Não é a primeira vez que os 100m, a prova mais charmosa do atletismo, tem um bicampeão olímpico – o “filho do vento” Carl Lewis foi o mais veloz em Los Angeles-1984 e Seul-1988. Mesmo sem o ineditismo, o que encanta o mundo é a forma como Usain Bolt chegou a essa façanha. Quando todos os seus adversários estão visivelmente tentando ultrapassar o limite humano, Bolt passeia na pista. Vendo Bolt correr, eu sempre tenho a impressão de que ele nem cansa. O corpo de Bolt parece não ser feito das mesmas fibras e músculos humanos. É verdade que na etapa final de preparação para Londres, Bolt não obteve resultados tão consistentes e, tão rápido como o jamaicano, começaram as especulações: Bolt é isto, Bolt é aquilo. Realmente. Bolt é isto, é aquilo e muito mais. Para definir Bolt é preciso buscar na memória todos os superlativos que você conheça. Mas seja rápido. Pois se você demorar mais que 9s63, Bolt não estará mais por perto para ouvir seu elogio. Que o tempo é relativo todo mundo já sabe, mas para Bolt é tudo muitíssimo mais rápido. Não é à toa que o jamaicano fez do raio o seu símbolo.

Vencedor


Robert Scheidt e Bruno Prada chegaram à regata decisiva com a medalha olímpica garantida, faltando apenas definir a posição do pódio. A conquista do ouro dependia de uma combinação improvável de resultados. Por outro lado, os quatro pontos a frente dos suecos indicavam uma posição confortável na disputa da prata. Scheidt e Prada entraram hoje para velejar com um dilema: administrar a prata ou ir para o tudo ou nada em busca do ouro. Eu não entendo nada de iatismo, mas ficou bem claro que os brasileiros optaram por arriscar. Tentaram caminhos alternativos, apostaram em uma virada inesperada na direção dos ventos. As apostas não deram certo e, por fim, ficamos com o bronze. O ouro não veio e, de certa forma, acabaram deixando escapar a prata, mas Scheidt e Prada estão de parabéns. Tenho ouvido tanto a velha história que os atletas brasileiros “amarelam” no final. E agora, ninguém vai falar do arrojo da nossa dupla? Criticar o Prada já é sacanagem, agora falar alguma coisa do Scheidt é uma heresia. Com o honroso bronze de hoje, Scheidt chegou à quinta medalha olímpica, tornando-se o maior medalhista brasileiro de todos os tempos – o iatista Torben Grael também tem cinco medalhas, mas um prata a menos. E o mais impressionante é que Scheidt continua em plena forma, pronto para novas conquistas. O problema que, justamente no Rio-2016, a Star, atual classe de Scheidt, não está prevista no programa olímpico. Não sei ainda o que vai acontecer, mas tenho certeza de que Scheidt vai dar um jeito de estar presente no Rio. Mas agora não é hora de falar do futuro, voltemos ao presente. Um brasileiro ganhar uma medalha olímpica é um feito. Duas, um espetáculo. Três, memorável. Quatro, inexplicável. Cinco, façanha atingida apenas por dois heróis brasileiros. Cinco, sendo dois ouros, duas pratas e um bronze não tem adjetivos, mas sim um sujeito simples e vencedor: Robert Scheidt.