domingo, 9 de outubro de 2011

Alegre Nostalgia

O jogo já não tem mais a adrenalina de um campeonato. O ritmo da partida é bem diferente das eletrizantes batalhas que Moya e Guga protagonizaram – e imortalizaram – na década de 90. O que não mudou é a energia positiva que Guga transmite quando está em quadra. Na sua terra natal, o “Manezinho da Ilha” esteve mais solto do que nunca com direito a, no meio do jogo, dar uma volta na torcida e “roubar” uma banana de uma dupla de garotos – simpatia, carisma, respeito e humildade num único ato! Se a despedida oficial foi em 2008, Guga mostra que não está disposto a abandonar o tênis – que bom! Pelo terceiro ano seguido, ele realiza a Semana Kuerten, oportunidade para a nova geração estar mais perto do ídolo. O destaque da edição deste ano foi a inclusão do torneio para cadeirantes. Assim como nas anteriores, a jornada 2011 termina com a exibição de Guga. Depois de Bruguera, Kafelnikov, ontem foi Moya o adversário (na verdade um grande parceiro) e o ano que vem, quem sabe, o Federer. Independentemente do adversário e do resultado, o que importa é que, felizmente, é um evento que parece que veio para ficar. Ótimo para Guga que continua ajudando o esporte nacional. Excelente para a torcida que consegue amenizar o adeus precoce do ídolo que foi muito longe, mas se não fosse a inesperada contusão, poderia ter avançado ainda mais. Com esse tom de alegre nostalgia (sim, saudade pode ser boa), transcrevo abaixo o texto que escrevi, em 2008, quando Guga anunciou a sua despedida.

As mãos que agora aplaudem o adeus de Guga
São as mesmas que suaram frio em tantas finais
Quantas vezes o coração bateu apertado
Achando que a derrota era inevitável
Mas na esquerda inigualável de Guga
Vinha a lição de não desistir
Dessa determinação contagiante
Muitas vitórias impossíveis brotaram
Trazendo orgulho a esse país tão carente
Pela sua raquete sempre humilde
Uma nação aprendeu muitos valores
Se hoje o corpo já não acompanha
A genialidade de Guga, isso pouco importa
Lampejos de sua habilidade já são suficientes
Para lembrar o quanto ele é especial
A garra em correr na quadra até o fim
Não traz a vitória, mas emana nobre lição
Que todas as crianças aprendem no início do esporte
Mas que pouquíssimas levam para a vida adulta
O importante é competir dando o melhor de si
Por essa conduta e tantas outras
É que Guga se despede, mas não vai
Fica o irreverente garoto cabeludo
Desengonçado com roupas coloridas
Surfando na arena de Roland Garros
Para transformar o conservador planeta do tênis
Guga nos ensinou que não precisa ser agressivo
Não é pegando em armas que se muda o mundo
Basta pequenos nobres gestos
Como quando ele apontava o erro do juiz
Mesmo que isso pudesse lhe significar a derrota
Descanse na certeza de ser eterno campeão