Rafaela Silva cativa não porque é infalível,
invencível, perfeita. Seu encanto vem da simplicidade, da certeza de que ela é
igual a mim, a você. Rafaela é gente como a gente, mais uma digna representante
da imensa família Silva. Assim como milhões de brasileiros, Rafaela estava em
busca de uma única chance e foi de quimono, faixa e muito suor no tatame que a
sua oportunidade apareceu. Já considerada uma das maiores judocas brasileiras, Rafaela
Silva chegou a Londres-12 com a injusta cobrança de que tinha obrigação de
voltar para casa com medalha. Com apenas 20 anos, Rafaela foi vítima da opinião
pública (e não pública). A partir de um episódio isolado, alguns tentaram
transformar a grande revelação brasileira numa vilã. Não seria este o primeiro
obstáculo de Rafaela, não seria este obstáculo que a derrubaria. Logo nos
primeiros passos do judô, a brasileira de nunca desistir aprendeu importante
lição: o importante não é nunca cair, mas sim sempre levantar. E assim fez
Rafaela. Perseverou na certeza de que a volta por cima não tardaria a chegar.
Um ano depois, com o apoio da torcida, Rafaela se tornou a primeira judoca
brasileira campeã mundial. Poucas vezes me emocionei tanto com uma conquista.
Talvez porque saiba que a vitória de hoje tem um significado além do esporte. É
o reconhecimento, ainda que tardio, da mulher, do negro, enfim de todo o povo brasileiro.
O sucesso de Rafaela mexe comigo de uma maneira ambígua: fico feliz porque
tenho uma guerreira Silva para me orgulhar, mas ao mesmo tempo fico triste
porque sei que para chegarmos a uma Rafaela, ainda desperdiçamos milhões de
Marias, Anas, Joãos e Josés.
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
Lampejo Olímpico
O ano pós-Olimpíadas é naturalmente parado.
Depois de quinze dias de multicompetições, em que os atletas dão o seu máximo
(e, de certa forma, eu também para conseguir acompanhar tudo), é legítimo que
eles tenham um período de descanso, hora de redefinir o planejamento e já olhar
para o novo ciclo olímpico que se inicia. Entendo que eles precisam e merecem
este tempo, mas confesso que esta época de calmaria me deixa meio macambúzio. Dá
uma melancolia rodar pelos canais de esporte e só ver partidas de futebol, mas
aos poucos a minha “abstinência olímpica” vai acabando. Já teve os Mundiais de
Atletismo e Esportes Aquáticos e agora esta semana promete: começou com a
inédita prata de Yane Marques no Mundial de Pentatlo e ainda tem o Mundial de
Judô aqui no Brasil, as finais do Grand Prix de Vôlei Feminino e o início da
Copa América de Basquete Masculino. Se o calendário deste ano é “folgado”, alguém
pode se questionar se precisava ter tantas competições importantes na mesma
semana? Com certeza. Afinal, uma derrota numa modalidade aqui é compensada com
uma vitória acolá. A lágrima pela medalha que não veio hoje se transforma em
alegria pela façanha inédita amanhã e assim por diante. Enfim, fica o convite
para acompanhar de perto esta semana, verdadeiro lampejo olímpico para quem
estava com saudades.
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