quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Orgulho Brasil

Rafaela Silva cativa não porque é infalível, invencível, perfeita. Seu encanto vem da simplicidade, da certeza de que ela é igual a mim, a você. Rafaela é gente como  a gente, mais uma digna representante da imensa família Silva. Assim como milhões de brasileiros, Rafaela estava em busca de uma única chance e foi de quimono, faixa e muito suor no tatame que a sua oportunidade apareceu. Já considerada uma das maiores judocas brasileiras, Rafaela Silva chegou a Londres-12 com a injusta cobrança de que tinha obrigação de voltar para casa com medalha. Com apenas 20 anos, Rafaela foi vítima da opinião pública (e não pública). A partir de um episódio isolado, alguns tentaram transformar a grande revelação brasileira numa vilã. Não seria este o primeiro obstáculo de Rafaela, não seria este obstáculo que a derrubaria. Logo nos primeiros passos do judô, a brasileira de nunca desistir aprendeu importante lição: o importante não é nunca cair, mas sim sempre levantar. E assim fez Rafaela. Perseverou na certeza de que a volta por cima não tardaria a chegar. Um ano depois, com o apoio da torcida, Rafaela se tornou a primeira judoca brasileira campeã mundial. Poucas vezes me emocionei tanto com uma conquista. Talvez porque saiba que a vitória de hoje tem um significado além do esporte. É o reconhecimento, ainda que tardio, da mulher, do negro, enfim de todo o povo brasileiro. O sucesso de Rafaela mexe comigo de uma maneira ambígua: fico feliz porque tenho uma guerreira Silva para me orgulhar, mas ao mesmo tempo fico triste porque sei que para chegarmos a uma Rafaela, ainda desperdiçamos milhões de Marias, Anas, Joãos e Josés. 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Lampejo Olímpico

O ano pós-Olimpíadas é naturalmente parado. Depois de quinze dias de multicompetições, em que os atletas dão o seu máximo (e, de certa forma, eu também para conseguir acompanhar tudo), é legítimo que eles tenham um período de descanso, hora de redefinir o planejamento e já olhar para o novo ciclo olímpico que se inicia. Entendo que eles precisam e merecem este tempo, mas confesso que esta época de calmaria me deixa meio macambúzio. Dá uma melancolia rodar pelos canais de esporte e só ver partidas de futebol, mas aos poucos a minha “abstinência olímpica” vai acabando. Já teve os Mundiais de Atletismo e Esportes Aquáticos e agora esta semana promete: começou com a inédita prata de Yane Marques no Mundial de Pentatlo e ainda tem o Mundial de Judô aqui no Brasil, as finais do Grand Prix de Vôlei Feminino e o início da Copa América de Basquete Masculino. Se o calendário deste ano é “folgado”, alguém pode se questionar se precisava ter tantas competições importantes na mesma semana? Com certeza. Afinal, uma derrota numa modalidade aqui é compensada com uma vitória acolá. A lágrima pela medalha que não veio hoje se transforma em alegria pela façanha inédita amanhã e assim por diante. Enfim, fica o convite para acompanhar de perto esta semana, verdadeiro lampejo olímpico para quem estava com saudades.